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This review has spoilers
Vamos lá, essa análise vai ficar enorme e vai ser um pouco complicada de se fazer, não por complexidade, mas sim por conta de algumas decepções que eu tive, mas vou tentar ser o mais imparcial possível. - Vamos começar pela campanha e progressão do jogo. A Capcom quis fazer de tudo um pouco, pegando elementos dos jogos mais populares da franquia. No início parece que estamos jogando RE 4 novamente, em um vilarejo misterioso, onde logo somos atacados por uma horda de inimigos, que depois vão embora após ouvirem um sino tocar (pegaram a referência?), mas diferente de lá, aqui temos alguns poucos sobreviventes, nos quais até nos juntamos a eles, mas por pouco tempo, já que nenhum deles sobrevivem. Depois vamos ao castelo da nossa garota propaganda do jogo, a toda formosa e poderosa Lady Dimitrescu, e aqui nos deparamos com as primeiras decepções do jogo: Após toda a campanha de Marketing, acreditávamos que a Dimitrescu seria a vilã principal do jogo, e que só a enfrentaríamos perto do final. Acontece que ela é a primeira dos 4 lordes a ser derrotada, e enquanto ela nos persegue nos castelo, ela e suas filhas não nos dão medo algum, apenas irritam mesmo, não é como o Mr: X em Resident evil 2 ou o Nemesis em RE 3 que de fato conseguem assustar. Mas por outro lado, o castelo da Dimitrescu resgata um pouco da essência do primeiro Resident Evil, ao nos trazer aquele sentimento de survival horror e exploração da mansão Spencer. Pra mim não chegou nem perto de conseguir, mas a tentativa da Capcom certamente valeu a pena, dá pra notar que eles tentaram resgatar essa essência. Depois vamos para a casa da Donna Beneviento, a segunda lorde da vila. Essa parte eu não tenho do que reclamar, consegue ser o trecho mais assustador do jogo e uma das cenas mais apavorantes de toda a saga, resgatando a essência de RE 7, da casa dos Bakers. Aqui a Capcom deu um show de assombração, parabéns por isso! Depois vamos para o Moreau, o terceiro lorde da vila, e aqui nós temos um pouco da essência de RE 4, já que a área é muito parecida com a do Del Lago, e o próprio chefe lembra bastante o peixão do RE 4. Também me lembrou bastante a vila dos pescadores, de Bloodborne. Nessa parte eu senti falta de ter mais inimigos para enfrentar, são bem poucos, e praticamente a área inteira é só fugir do Moreau, pra no final enfrentá-lo. A batalha é ótima, mas senti falta de mais ação no local, e não apenas fuga. Por fim, temos o 4º e último lorde, Karl Heisenberg, o mais poderoso dos 4. Nessa parte o jogo resgata a essência de RE 5, focando muito mais na ação, e com uma boa pitada de RE 6 na luta contra ele, sendo um momento que abusa do ridículo e da suspensão da descrença, lembrando muito os filmes dos Transformers de Michael Bay. Depois temos um saudoso trecho de gameplay com Chris Redfield, e por fim a batalha final contra a mãe Miranda. Com todo o conteúdo que o jogo propôs a trazer, e com base na sua premissa, o tempo de campanha do jogo deveria ser de no mínimo umas 15 horas, talvez até 20. Mas acabou que tem apenas 10 horas de duração, achei curtíssimo e não deu tempo o bastante para que os lordes da vila tivessem seus devidos desenvolvimentos, e também senti que o jogo não tem tantos inimigos quanto nos jogos anteriores. Uma das coisas que eu mais amo na saga Resident Evil é o seu fator replay, que graças ao gerenciamento de inventário e arsenal disponível, nos permite zerar a campanha inúmeras vezes de diversas formas possíveis, e aqui, embora boa parte dessa essência tenha sido mantida, eu senti que faltou também, ao introduzir menos inimigos, e os puzzles são pouco ou nada criativos, fazendo com que dê aquele sentimento de: ``Putz mas se eu rejogar vou ter que passar por aquela parte de novo´´, coisa que nunca acontece nos jogos da franquia. -A gameplay trouxe melhorias em relação ao seu antecessor, e agora tem a possibilidade de se defender de ataques, diminuindo o dano recebido. A maleta de RE 4 está de volta, com a possibilidade de criar itens a partir de ingredientes coletados. Não apenas isso, como também temos o Duque, que será o nosso mercador do jogo. Mas diferente de RE 4, aqui o nosso mercador terá presença não apenas na mecânica, mas também na narrativa do jogo, contando-nos a respeito de informações importantes. -O mapa do jogo e seu design é muito bem trabalhado, assim como toda a parte técnica do game, bem como efeitos de luz e sombras. O jogo também passa aquela sensação de semi mundo aberto, coisa que vimos em God of war 2018, com áreas opcionais, itens para coletar e inimigos a enfrentar, e eu particularmente adorei isso. -O arsenal do jogo é bem diversificado, sendo 9 armas adquiridas ao longo da campanha e mais 8 armas que podemos comprar a partir do New Game +, e por falar nele, fiquei muito feliz em ver que ele está de volta, já que foi a coisa que mais fez falta pra mim em RE 2 Remake. Mas o arsenal poderia ser melhor, várias armas clássicas da franquia não estão presentes aqui, como o lança-chamas e a Rocket Launcher, além de que cada arma que obtemos na campanha é objetivamente melhor que a anterior em todos os aspectos. Por exemplo, a primeira escopeta do jogo, que é a M1897, tem uma gravura linda, mas ela é uma porcaria perto da W870 TAC, que por sua vez é uma porcaria perto da SYG-12. Ou seja, após adquirir a SYG-12, que é a escopeta mais forte (que parece mais com um rifle de assalto, mas tudo bem.) você nunca mais vai precisar das duas primeiras. No RE 4 e 5, também temos várias armas de mesmas classes, mas cada uma é única e útil do seu jeito, e não uma fazendo as outras serem um lixo, como no 8 fez. -O modo mercenaries está de volta, mas pra conseguir os rankings mais altos nele depende muito de sorte, e isso muito provavelmente se tornará um pesadelo pra quem quiser platinar o jogo, então se prepare pra passar dias arrancando os cabelos de tanta raiva, e a recompensa é uma arma que não faz juz ao esforço que tivemos. -E mais uma coisa que me chateou bastante também: O Ethan morre no final. Sim, um personagem que acabou de ter a sua estreia na franquia, que não foi desenvolvido o suficiente, morre logo no jogo seguinte. Se ele tivesse sido deixado pra morrer no próximo jogo da saga, tendo mais desenvolvimento do personagem (assim como foi com DOM em Gears of war) aí tudo bem, mas infelizmente não foi o caso. Conclusão: Resident Evil Village é sim um jogo muito bom e tem mais acertos que defeitos. Mas não foram o bastante para tapar todas as falhas que a obra trouxe. É um jogo que não desenvolveu os personagens direito, que enganou o público achando que a Dimitrescu ia ser a vilã principal, mas é a primeira a morrer e não assusta nem um pouco (Algo semelhante ocorreu em Far Cry 3, a Ubisoft fez todo mundo achar que o Vaas seria o vilão principal, mas ele era apenas um capanga do cara que comandava tudo), cujo arsenal jogou fora a particularidade que as armas sempre tiveram na franquia, com problemas de Delay de renderização mesmo no PS5 e Xbox Series S/X (Coisa que NUNCA aconteceu na franquia) e com um tempo de campanha curtíssimo. Mas ainda assim, é o jogo mais delicioso de se jogar de toda a franquia, trazendo sim uma história muito boa (mesmo com as falhas) e honrando os seus antecessores através de seus elementos trazidos para cá. Resident Evil Village é como um prato de comida preparado por um Chef 5 estrelas, cujo sabor é maravilhoso e o tempero é fenomenal, mas o prato é pequeno e incompleto.